A Dr.ª Ana Paula Vasconcelos, radiologista do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, é uma das moderadoras da sessão “Rastreio personalizado”, com data marcada para o dia 29 de outubro, de manhã. Em entrevista, a especialista partilhou que “as mulheres têm fatores de risco diferentes de desenvolver cancro da mama”, sendo este o principal foco da sessão.
Os rastreios realizados atualmente são baseados na idade da mulher. No entanto, cada mulher tem um risco diferente de desenvolver cancro da mama, “quer seja pela sua suscetibilidade genética quer seja pelos fatores hormonais ou pela história familiar”. A especialista reforça, devido a este fator, que “o rastreio não deve ser igual para todos”.
A moderadora, em entrevista, explica que o modelo one size fit all “é um paradigma que deverá mudar”. O futuro do rastreio deverá basear-se na avaliação dos fatores de risco, “seja pelo score do risco poligénico, quer seja pela densidade mamária”. Estas mulheres deverão ser estratificadas e colocadas em diferentes grupos, adaptando o rastreio para cada um. Esta personalização pode significar desde a aplicação de uma técnica diferente, mais sensível até encurtar o intervalo entre rastreios ou mesmo iniciá-lo em idades mais jovens, segundo o risco. A especialista partilhou ainda dois estudos em curso, nos Estados Unidos e na Europa, que estão a “avaliar a eficácia de um rastreio com base na estratificação de risco das mulheres”.
Além do rastreio estratificado baseado no risco, os participantes vão abordar a utilização da ressonância. A mamografia foi a ferramenta utilizada durante os últimos tempos, no entanto, “não é o ideal”. A especialista refere: “Há cancros que não diagnosticamos e que vêm a revelar-se como cancros de intervalo”, nomeadamente em mulheres com mamas mais densas.
A ressonância magnética, por sua vez, tem vindo a ser utilizada no rastreio das mulheres de alto risco BRCA1 e BRCA2. No entanto, começa já, atualmente, a ser utilizada em outros grupos de risco aumentado.
Vai ainda ser abordado a “aplicabilidade de podermos utilizar a ressonância, a sua eficácia, os custos, a disponibilidade de aparelhos, se será esse o caminho usando protocolos abreviados” e o contributo de alternativas já estabelecidas no âmbito do diagnóstico como a tomossíntese e a mamografia com contraste que representam avanços da mamografia tal como a conhecemos. No fundo, “haverá espaço para uma reflexão sobre o papel da mamografia e qual será o seu futuro”.